Não sou nada, ainda não existo, sou poeira cosmica num universo infinito em cuja maioria da população não passa de sombras. Mantenho-me calado e espectante e, para vergonha do meu orgulho agnóstico, tenho que ter fé. Preciso dessa água, senão desidrato até à morte neste deserto do medo e da inconstancia.
Não me posso alegrar de mais, mas também não posso deixar que a angustia se apodere de mim e me leve para
"o mais profundo fundo me mim próprio". E, a cada passo que dou, vigio-me para não me deixar levar pelo lirismo da poesia do sonho e tento agarrar-me ao puro realismo que depressa se transforma numa
nova objectividade. Afinal, que é o realismo? o que é o real? Somos nós que o criamos para nós mesmos. Não conseguimos separá-lo das nossas visões oníricas nem das nossas depressões momentaneas ou constantes. Assim, essse real é para mim como o não é para mais ninguém.
A minha certeza é a tua duvida e nunca haverá consenso, só meras especulações e os factos... que são o passado ou o presente, que já passou. E com os olhos postos nos meus pés não olho para o sol nem para a lua, e vou-me arrastando.
E onde é que está a realidade nisto?