Thursday, September 29, 2005

Sou actor(não sou?...)

Sempre vos quis explicar o que é para mim ser actor. Queria dizer-vos como é comer as palavras dos outros, mastigá-las, degluti-las e depois cuspi-las, atirá-las ou gritá-las para fora. Como é sentir em nós uma outra vida, um ser estranho a nós, que, com o passar do tempo, nos absorve e se torna parte integrante da nossa maneira de ser e de encarar o mundo.
Começamos por sentir uma comichão nao garganta, depois essa comichão torna-se um formigueiro no cérebro e passa para todo o corpo. O formigueiro intensifica-se cada vez mais e mais e mais...
Quando damos por nós andamos como ele, falamos como ele, pensamos e agimos como ele.
Então, quando o pano sobe, já nao somos nós, somos o outro.

A nossa boca diz palavras que não somos e somos nós ao mesmo tempo. Pensamos crocodilos e algodão, sentimos facas e festas, ouvimos uivos e ultra-sons. As borboletas regurgitam na nossa mão o canto dos cisnes e depois comemos a madeira e os pratos, em vez da refeição. Seguramos as nossas asas nas palmas do pés e incendiamos os olhos à força de os apertarmos. Mas, às vezes, o chão foge mesmo por baixo dos nossos calcanhares, então caimos no espaço cideral da nossa consciencia feita trapo e farrapo e as cobras enrolam-se aos nossos menbros e entram pelos ouvidos para comeram o nosso cérebro raquítico. Nessa altura esperamos que o Deus-Ex-Machina càia dos céus pendurado por uma grua, para nos salvar da lama em que nos afundámos...
Por acaso não encontraram por aí, pois não?

boas vindas moskatearianas!

Temos aqui um blog para nós, só para os inseparáveis moskatears.
Criei-o porque às vezes apetece-me falar com voçes, demorar-me com conversas parvas às 4h da manhã, exprimir aquilo que sinto no momento sem escolher palavras nem sorrisos.

Nunca vos aconteceu terem insónias terríveis ou tardes em casa sem nada para fazer? Nessas alturas sinto vontade de estar nas paredes, descer ou subir a "rua do pé descalço" e bater à porta do "Américas" ou da casa "Augusto da Boieira" ou à casa da Rrrrtica (que não tem nome, assim como a minha). Esta é mais uma forma de nos mantermos ligados, para que eu nunca me esqueça de vos dizer nada (porque esta memória de robalo só dá mesmo para as peças, porque historias ou assim...)

Gosto muito de voçês!

have you allready feel this way?

We ordered another round of drinks. That led to another round, and the another, and then another one after that. In between, the bartender stood us a couple of glasses on the house an act of kindness that was promptly repaid by encouraging him to pour one for himself. Then the tavern begun to fill up with costumers, and we went off to sit at a table in the far corner of the room. I can´t remenber everything we talked about, but the beginning of the conversation is a lot clearer to me than the end. By the time we came the last half hour or forty-five minutes, there were so much bourbon in my system that I was actually seing double. This had never happened to me before, and I had no idea how to bring the world back into focus. Whenever I look at Sachs, there were two of him. Blinking my eyes didn´t help, and shaking my head only made me dizzy. Sachs had turned into a man with two heads and two mouths, and when I finally stood up to leave, I can remenber how he caught me in his four arms just as I was about to fall. It was probably a good thing that there were so many of him that afternoon. I was nearly a dead weight by then, and I doubt that one amn could have carried me.

Leviathan by Paul Auster