Poema em três parágrafos
Sou um cínico. Sei que sou um cínico. Porque abandonei sonhos em busca de outros. Mas porque no fundo continuo a procurar novos sonhos, sabendo de ante mão que são por si só e em si mesmos sonhos. Sou um cínico, porque sei que não consigo viver sem eles. Mas sou ainda mais cínico porque vivo como um não sonhador. Porque abandono-me aos meus sonhos sem os perseguir, abandonando-me ao que a sorte me traz sem a procurar.
Se o ideal da vida de fronteira, da “wilderness”, me parece criticável é porque sei que, cínico que sou, é aquele que mais almejo, de todos o mais profícuo. Mas, tão cínico, cinicamente, revisto este desejo de uma consciência razoável, e digo que não vale a pena acreditar neste éden, cujas fronteiras o meu horizonte veda. Incapaz, sou também, e por isso cada vez mais cínico. Porque mascaro e incapacidade com óculos de um literato, mais um sonho que se me veda. E quando escrevo “que se me veda” mais uma vez cínico porque acredito que sou capaz. Queimar a minha cabana e caminhar para o ocidente, ou para norte. Sou um cínico que acredita na felicidade e a procura cinicamente, em cada dia e a cada momento. Também numa demanda contra mim próprio, mas incapaz de sair de mim para fora de mim. E vivo cinicamente feliz.
[este poema foi escrito depois de ver into de wild, naquelas fébres em que penso que vou escrever uma obra prima e passados cinco minutos já não tenho inspiração nem paciencia para escrever mais]
Se o ideal da vida de fronteira, da “wilderness”, me parece criticável é porque sei que, cínico que sou, é aquele que mais almejo, de todos o mais profícuo. Mas, tão cínico, cinicamente, revisto este desejo de uma consciência razoável, e digo que não vale a pena acreditar neste éden, cujas fronteiras o meu horizonte veda. Incapaz, sou também, e por isso cada vez mais cínico. Porque mascaro e incapacidade com óculos de um literato, mais um sonho que se me veda. E quando escrevo “que se me veda” mais uma vez cínico porque acredito que sou capaz. Queimar a minha cabana e caminhar para o ocidente, ou para norte. Sou um cínico que acredita na felicidade e a procura cinicamente, em cada dia e a cada momento. Também numa demanda contra mim próprio, mas incapaz de sair de mim para fora de mim. E vivo cinicamente feliz.
[este poema foi escrito depois de ver into de wild, naquelas fébres em que penso que vou escrever uma obra prima e passados cinco minutos já não tenho inspiração nem paciencia para escrever mais]
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